segunda-feira, 25 de março de 2013

Não abra mão de si mesmo!


Não abra mão de si mesmo! Não abra mão de poder investigar filosoficamente o mundo ao seu redor. A atitude filosófica se dá de forma independente a quantidade de leituras que você tenha feito nos últimos anos; apesar - e isto é importante - dos livros serem os melhores amigos para se levar nesta viagem. 

O fato é que, os ditos “mestres” - ao invés de incentivarem a busca filosófica daqueles que enveredam pelo caminho do conhecimento - tem se preocupado muito mais em traçar, em cima de sistemas já postos, o fortalecimento de crenças pré-definidas. Mas, a princípio - antes de se admirar com o que falam das fadas - tente por si mesmo investigar o jardim. 

Não existe fórmulas mágicas para desmascarar os pseudo-mestres, mas mitos precisam ser combatidos e derrubados sempre. O caminho: estudar e pensar mais que eles. Não é por acaso que Sócrates - o sábio filósofo - compara as ideias a um parto (natural, no caso!). As mulheres sabem o quanto dói a passagem do bebê; mas, sabem também o amor puro que é possível devotar a cria. 

Neste sentido, acho a comparação socrática do “parto das ideias” perfeita. Pois filosofia é isto. A dor de pensar (e pensar por si mesmo ao tempo em que se consome as ideias postas), mas também a devoção e o amor à sabedoria que emerge do ato. Por isto, se eu tiver um conselho a dar aos estudantes é sempre este: não abram mão de si mesmos em função da pregação do mestre. Se for para absorver, que seja depois de se buscar refutar, de se investigar todos os pontos contrários ao que é dito.

Cada tempo tem sua mitologia. Logo, cada tempo terá os que desafiam os mitos. E mais: cada tempo tem seus pensamentos póstumos que só serão reconhecidos quando passado este tempo. Isto faz do tempo o senhor da razão. Isto faz da investigação filosófica um maior desafio ainda! Porém vital. 

Se hoje te perguntassem o que é essencial para viver bem e não apenas sobreviver em conformidade com o que o mundo serve na tua mesa? Você talvez respondesse muitas coisas e - quase de certeza - nenhuma das respostas seria “ter a mim mesmo”. Repito: não abra mão de si mesmo. Vale lembrar - que nesta busca - filósofos gregos não concordaram em ser chamados de sábios. Eles sabiam do muito que ignoravam e precisavam ser amigos da sabedoria, reconhecendo que nada sabiam, como afirmava Sócrates. 

Por um lado o olhar posto no abismo, por outro a capacidade de de ter - como afirma Miguel Reale - “um atitude crítica diante do real e da vida”. Por falar em Reale, o sábio pensador brasileiro ainda coloca: “vê-se, pois, que a Filosofia representa perene esforço de sondagem nas raízes dos problemas”. E o esforço só faz sentido se não abrirmos mãos de nós mesmos. Se não nos colocarmos como gado a ser tangido. 

Assim, utilizaremos esta mesma filosofia para dar sentido a valores, a compreender a liberdade, o bem, e termos um melhor mundo ao nosso redor. Pois pensamos em nós, ao tempo em que pensamos no humano, em nossa marcha. Como diz Karl Jaspers ao falar da filosofia: “este modo em marcha - o destino do homem no tempo - não exclui a possibilidade de uma profunda paz interior, e até mesmo, em certos instantes supremos, a de uma espécie de plenitude”. 

Ao encontrarmos em nós, desejaremos sempre tal bem para o outro; sem que precisemos despejar neles verdades prontas, mas simplesmente apontando os caminhos; lembrando para não abrirem mão de si mesmos. 

domingo, 24 de março de 2013

Do cansaço emocional e dos debates!


Não lembro em qual texto li pela primeira vez a expressão “cansaço emocional”. Lembro apenas da sensação quando li. Pensei de imediato: é isto! Exatamente isto!

A expressão traduz momentos em que você se sente abismado pelo óbvio ser colocado de lado em função de subverter a lógica por outros interesses. Não se trata da divergência ideológica necessária, fundamental para o debate e para a construção do conhecimento.

Trata-se da letal desonestidade intelectual que tenta “calar” a ideia oposta como se o outro fosse um inimigo declarado simplesmente por pensar diferente de você. Trata-se de evocar – desonestamente! – para as próprias ideias o “símbolo” máximo de “bem supremo” e num maniqueísmo absurdo passar com um trator por cima do adversário utilizando-se de adjetivos, comparações idiotas, gracejos, enfim...

Criam até o clubinho do ódio mortal! “Fulano escreveu um texto? Nem me interessa lê. Eu o odeio, mesmo que ele nunca tenha falado de ódio a ninguém e só tenha pregado justamente o contrário”. Vai ficando difícil sustentar a democracia com tais posições. Eu acredito – profundamente e de coração! – que muita gente que pensa diferente de mim quer o bem comum tanto quanto eu.

As divergência se fazem pelas ideias de como construir o caminho e não pelo objetivo final. Por esta razão, sempre me coloquei de coração aberto nas discussões. Afinal, diante de alguém honesto intelectualmente você pode acabar acordando para o fato de que o errado pode ser você. De coração, nunca descartei esta possibilidade, porque diante das vezes em que mudei de ideia, nunca tive vergonha de mudar.

Por esta razão, sempre avaliei as minhas crenças e as que me são postas (por mais contrárias que sejam às minhas) pelo prisma de uma lógica. Comparando com tudo que já li, já vivenciei. Enfim. São momentos em que – mesmo dotado de um ceticismo profundo – eu cito para mim mesmo Santo Agostinho: “prefiro os que me criticam, pois me consertam; ao que me adulam, pois me corrompem”. Desde que a crítica seja fundamentada e honesta; e não adjetivações pueris para denigrir apenas. A tradução de Agostinho pode não ser exatamente esta, mas estou sendo extremamente fiel ao que quer dizer a citação.

Porém, hoje em dia, eu me deparo com discussões, em que sou atacado pelo que eu não disse. Incrível! Eu releio tudo que eu escrevo e repito para mim mesmo: eu não disse isto! Releio novamente, e eis que novamente me pego afirmando para mim mesmo: sequer é possível confundir o que eu disse. Mas, sigo acreditando na boa fé das pessoas e repito tudo que disse de uma outra maneira. Uma busca pelo discurso mais didático possível.

Um amigo sempre me diz assim: “não adianta. Alguns sempre vão ler o que você não escreveu para se defenderem daquilo que gostariam que estivesse escrito. Assim, vira estratégia: deturpam o teu discurso para que você passe a se explicar pelo que não disse e acabe esquecendo de argumentar”. Pois bem, eis que começo a usar esta explicação. Será que acabamos com os bons debates no campo das ideias? Aqueles de coração aberto em que nos levávamos a aprender mais.

Em que não buscávamos ser melhores do que ninguém, mas sim melhores do que nós mesmos. Em que nos enriquecíamos. Tudo virou conquista e ocupação de território em função de uma causa. O objetivo posto na carta do jogo War? Eu ainda prefiro acreditar que não.

Conversei sobre este cansaço emocional com a amiga Candice Almeida, que também vive a expor suas reflexões de forma extremamente honesta. E efetivamente sempre vem o lance de pensar no que ainda vale ou não a pena...os últimos dois textos que fiz aqui, fui de uma agressividade que não costumo ter. Mas, precisava escancarar a porta para que a desonestidade com que estavam atingindo alguns fosse revelada.

Mas, não sou um estrategistas em debates. Não tenho táticas – como diria Schopenhauer – para “vencer” um debate sem ter razão. A partir do momento em que entramos em um diálogo que prima pelo aprendizado com a intenção de ganharmos um troféu por sermos o mais esperto, o mais inteligente, o que vai desnudar a verdade, o que vai revelar o que está por traz das cortinas, já somos derrotados; e saímos dele assim, por mais aplausos que tenhamos a receber.

Não é o que quero para mim. Não é o que quero quando resolvi abraçar a filosofia e o jornalismo. Não é o meu interesse quando me debruço sobre textos. Sou um ignorante em eternas buscas. Passei por muitos livros. Passei por muitos debates e por muitas experiências, como todo e qualquer ser humano. Todos me levaram a uma conclusão: preciso aprender mais, preciso saber mais, pois ainda é vasta a minha cegueira apesar de possuir algumas crenças bem fundamentadas na lógica com que enxergo o mundo. E seguir com elas!

Estaria eu com a verdade? Longe disso. Apenas, percebo que os querem revelar, também podem ser os mesmos que queiram iludir. Com vestes franciscanas, fazem questão de cantar por aí: “onde houver luz, que eu leve as trevas. Senhor, fazei que eu procure mais enganar do que ser enganado...”. Para isto, possuem o discurso fácil, o discurso caloroso, o discurso apaixonado e as táticas de guerrilhas elevadas ao supremo ato da aniquilação do adversário.

Na história recente – infelizmente! – podemos perceber que muitas vezes isto leva à aniquilação física, com um cenário que justifica a morte em nome da causa. Que justifica a opressão em nome da liberdade; que justifica os erros em nome de um futuro, de futuras gerações. É apenas isto que combato.

Afinal, sempre enxergo como um pleonasmo a expressão “liberdade individual”. Toda liberdade só existe e está garantida se houver respeito ao ser e a sua própria liberdade. É isto que tem acontecido ultimamente. Subvertem a lógica em nome das necessidades de uma causa (seja ela qual for) e aí quem pensa diferente vira inimigo, vira adversário. Quando na verdade, quem pensa diferente é quem mais pode nos ajudar a crescer, desde que sejamos profundamente honestos uns com os outros, que tenhamos de coração a vontade de ajudar e sermos ajudados por meio do conhecimento e da troca deste mesmo conhecimento. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Mais palavras sobre o Enem e os progressistas de plantão


Eu sei que soa chato, mas eu preciso voltar ao tema do Enem. É que os “linguistas”  mal intencionados, ingênuos (ou estúpidos mesmos) seguem com suas teses de “abobrinhas” para defenderem a correção do ENEM. 

Sobre os erros de grafia aqui já falei. Só um adendo: há linguista por aí usando a expressão “erro de ortografia”. Permitam-me: ORTHO = correto; GRAFHOS = escrita. Logo, o erro é de grafia. É bom colocar os “pingos” nos “is”. Sim, os “is” ainda possuem “pingos”, como já disse anteriormente. Queira os corretores progressistas do Enem, ou não. 

Agora, tratemos de um outro capítulo: a receita de miojo e o hino do Palmeiras. Pois bem, dizem eles que as pontuações foram justas e não comprometeram o todo e blá, blá, blá. Primeiro: os alunos que fizeram isto quiseram “trollar” o ENEM e conseguiram. Fosse a banca séria, não se submeteria ao vexame.

“Mas, merece ou não merece ponto?”, indagaria o linguista Silvio Santos ao Lombardi. Quem responde? Ora, os critérios do Enem. Pois são eles que pautam os estudantes que ESTUDAM durante um ano para se submeterem ao que acham ser um EXAME sério! Simples assim. 

Vamos aos critérios, então...

Recorrerei as competências? Aquelas cinco que já falei aqui? Não! Recorro as regras do próprio ENEM, mas desta vez às razões que fazem com que o aluno ZERE a prova. Vejam bem, não sou eu que afirmo, mas os critérios do próprio EXAME.

Seguem as razões:

1) Não atender à proposta solicitada ou apresentar outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo;
2) Deixar a folha de redação em branco;
3) Escrever menos de sete linhas na folha de redação, o que configura “texto insuficiente”. Linhas com cópias do texto de apoio fornecido no caderno de questões não são consideradas na contagem do número mínimo de linhas;
4) Escrever impropérios, fazer desenhos e outras formas propositais de anulação;
5) Desrespeitar os direitos humanos.

Vejam bem: as regras são do ENEM. Não são minhas. Logo, deveriam ser seguidas pela banca examinadora independente do blá, blá, blá ideológico ou dos linguistas progressistas. Se estes querem discutir algo, que discutam como tese, mas não dentro do EXAME que tem as regras pré-definidas. Fazendo o que fazem agora, prejudicam alunos, professores e a EDUCAÇÃO de uma forma geral. 

Vamos ao argumento: atentem para a o número 1 e para o 4 das razões enumeradas acima. A receita de miojo e o hino do Palmeiras atendem à proposta solicitada? Não! O que esta trollagem faz além disto? Ela apresenta outra estrutura textual que não seja do tipo dissertativa-argumentativa. Ficou claro? Acho que sim.

Quanto ao número 4? É só para este que aqui fala que fica claro que querer “trollar” uma banca examinadora para provar que ela é incompetente é um impropério? Bem, no caso um impropério com certa dose de êxito. Mas, ainda assim um impropério. Além de constituir - por ser uma trollagem - uma “forma proposital de anulação”. Olhem só!

Precisa desenhar mais? Peço perdão por me manifestar novamente sobre o assunto, mas é que diante dos argumentos que tenho lido dos progressistas, eu fico pensando os motivos do silêncio de alguns professores, sindicatos e entidades estudantis que eu julgava sérios.

Que os linguistas tenham suas teses sobre a severidade da cobrança da norma culta, respeito muito. Não concordo com eles, mas respeito. Que os linguistas queiram EXAMES que priorizem muito mais o conteúdo que a Língua Portuguesa, uma constatação: leiam as cinco competências da Redação do Enem e vocês verão que o Exame já faz isto. Acho que há até uma certa dose de razão neste argumento. Podem acreditar; acho mesmo. 

Agora, o que não dá é para os “linguistas progressistas deste mundo de meu Deus” quererem justificar o injustificável em nome de uma “causa ideológica” ou de seus “cargos”, contrariando - inclusive - as regras do próprio Exame. Regras estas distribuídas aos alunos por meio de uma cartilha que trata especificamente da Redação do Enem. 

Ora, admitam a incompetência da banca examinadora. Corrijam os erros para os próximos Exames. Garantam critérios justos para que - já que o Enem se transformou num “vestibulazão” (o que não deveria ser!) - tenhamos alunos que ingressem nas faculdades por mérito. O mais justo seria amplo acesso ao ensino universitário, mas diante da realidade que coloca a peneira na vida do estudante, que ao menos ele seja tratado com seriedade e com o respeito que merece na busca de seu lugar ao sol. 

No mais, perdão por bater novamente na tecla, mas é que achei necessário. 

Há uma sexta razão para “zerar” a prova: entregar a folha em branco. Não comentei sobre, pois creio eu que com esta o mais progressista dos progressistas deve concordar! Ou será que vão argumentar que é um ato de protesto contra as ideias reacionárias já postas?

terça-feira, 19 de março de 2013

Enem e as estrelinhas vermelhas


Às vezes bate uma preguiça, um cansaço emocional de responder certas agressões disfarçadas de argumentos... mas vamos lá! É preciso por os pingos nos “is” - sim, o i, quando minúsculo, ainda tem pingo; queiram os corretores do ENEM ou não!!!! - para os que não sabem ler; e para os que adoram ler o que não se encontra escrito para poderem se defender daquilo que gostariam que estivesse escrito. A esquerdopatologia é assim! A esquerda séria não. Com esta tenho divergências ideológicas, mas sei que eles entendem perfeitamente a crítica que é feita. São honestos intelectuais, apesar de não concordar com eles. 

Recebi e-mails e comentários desaforados que apaguei de imediato, claro. Uma galera que defende que a nota MIL do Enem, dada aos que cometeram erros grosseiros ferindo a norma culta da Língua Portuguesa, é justa. Afinal, tem que se considerar o contexto e aquela baboseira toda que os senhores doutores linguistas progressistas defendem. Entendam bem que essa “tchurma” não defende um exame de qualidade, muito menos a Educação. Eles defendem o MEC por este ser do PT. Simples assim! A lógica deles é esta, mas os deturpadores somos nós!

Então, já começa daí a “farsa educacional”, quando a ideologia e a causa (para mim com S, mas talvez para eles seja válido também com Z: cauZa) são mais importantes que a meritocracia. Ora, vale lembrar que quem coloca o critério da norma culta como competência que vale 200 pontos é próprio ENEM. Fossem honestos intelectuais o suficiente para defenderem o desprezo da normal culta de vez - e errados totalmente! - teriam a coragem para chutar esta mesma norma padrão para a “casa do cacete” logo de vez, né? Mas não, o critério está lá e não pode ser ignorado. Nem por eles! 

Porém, a esquerdopatia começa assim: primeiro eles se alimentam de causa e ideologia. Na sequência, quando perdem a capacidade motora para a locomoção, deixam de ser bípedes e o próximo passo é se alimentarem de GRAMA. Como consequência ruminam o que pensam ser argumentos. Mas, eles evocam para si o BEM supremo e a luta contra as elites. Eu busco aprender Língua Portuguesa. Juro: ainda sei muito pouco e tenho muitas dúvidas. Erro bastante e busco corrigir meus erros, neste sentido. Sem amores ideológicos. Logo, busco sempre aprender mais e adquirir mais conhecimento. Isto faz de mim um reacionário, conservador e elitista. Continuarei sendo. 

Mas, vamos lá. Repetindo: No meu tempo, meritocracia fazia sentido! Hoje em dia, critérios de pontuação máxima são rasgados para não se admitir críticas ao ENEM, que são traduzidas - pela politicanalha - como críticas ao PT. Era só que faltava. Os professores que defendem a importância da norma culta, viram “gentinha da elite reacionária metida a professor”. Eu sou e continuarei sendo essa “gentinha”. Doa a quem doer. Os professores e especialistas são eles; eu não sou professor. Eu sou só um “bosta” em sala de aula, ensinando ao aluno a importância da norma culta. Para estes senhores especialistas, Machado de Assis, Olavo Bilac, Aurélio Buarque de Holanda, Celso Cunha e tantos outros devem ser um lixo desprezível. 

Ora, que o apedeuta-mor se candidate a reescrever a gramática. Afinal, a Constituição ele já andou rasgando em nome de sua escrita torta. Pensando bem, Deus escreve certo por linhas tortas. Assim, pode ser que o apedeuta-mor seja um mito que escreva torto por linhas mais tortas ainda; e por isso mereça mais aplausos do que àqueles que se dedicam a leitura diária, ao estudo diário e a aprovação em um exame seletivo por meritocracia. Meritocracia? Sim! Este palavrão que tem a ver com conseguir sustento com o próprio suor de seu rosto. 

Quero isto para o meu estudante, pois sei o sacrifício de muitos, para ali estarem, com a cara nos livros em busca de dias melhores. 

Agora, se a pergunta é: um aluno que cometeu erros grosseiros pode atingir uma nota para passar no ENEM? Sim, pode. Claro. Os critérios permitem isto por mais que EU discorde; e discordo. Mas, admito a possibilidade da aprovação diante das regras criadas pelo ENEM. O que não pode - oh, jumentos de estrelinha vermelha - é ele ter NOTA MIL, já que a norma culta é um critério. Eu sei que é difícil, mas um dia se consegue entender.

Sendo assim, a banca examinadora do ENEM perde a credibilidade e levanta a suspeita - afirmei isto e afirmo - da ausência de seriedade na correção. Logo, está em jogo a meritocracia. Isto se agrava quando se observa a redação do miojo. É um aluno que quis “trollar” a redação do ENEM e conseguiu. Ora, se a banca fosse séria notaria tal absurdo, tal trollagem e não admitiria ser submetida ao vexame. 

Porém, em nome do miojo, a banca preferiu engolir capim. No entanto, nem esta crítica é admitida. Afinal, não se pode - em uma democracia - criticar o Enem, pois é lido logo como a “crítica-política-elitista-do-PIG”. Paciência com essa gente, oh céus! Vamos lá existe a crítica feita de forma meramente política (o que não é o caso), existe a crítica feita de forma politicanalha (que nunca será feita por este aqui que fala neste espaço) e existe a resposta politicanalha, que é a que vem sendo dada. 

A crítica que fiz - e FAÇO - busca resgatar a meritocracia em um Exame que existe para isto. Logo, pelos próprios critérios do ENEM, aquele que acerta a norma culta e as outras quatro competências é que merece MIL pontos; não o contrário. É preciso repetir quantas vezes?! Acho que até a minha filha de oito anos entendeu. Por sinal, ela comete alguns erros em função da idade e da série em que se encontra na escola. Erros que são corrigidos para que um dia - torço assim - ela seja mais esperta, detenha mais conhecimento e consiga melhores chances que eu. 

Assim, na resposta puramente politicanalha o que se encontra nas entrelinhas é a elevação do apedeutismo ao nível do ideológico, para que a imprensa - esta carrasca - seja a maldosa. Para que os professores de redação de fato preocupados com seus alunos sejam os crápulas carrascos. Incrível! 

É isto. Novos tempos, novo mundo! 

Aqui fica um desabafo de alguém metido a professor. Não acreditem em mim. Os especialistas sabem mais do que eu. E sabem “concerteza”. 

Quando o jornalismo é disfarce...


O que Padre Antônio Vieira tem a ensinar para a imprensa? Bem, que ser jornalista é um bom disfarce para tudo. Mas não falo aqui do jornalista em essência - aquele que estuda, lê, investiga, escreve, responde para sua própria consciência, rompe as amarras tecno-bobas do texto técnico em nome da verdade (pois relativismo em exagero é coisa de bocó que tem dificuldade de assumir responsabilidades).

Aqui falo do jornalista-disfarce que sendo peão no jogo de interesses, se finge de dono da pena na cena das aparências. O senhor que aluga opinião como se fosse um imóvel por temporada. “Venha, minha cabeça está vaga. Mande as frases tortas que com o disfarce de jornalista, eu vou limar, suar, torcer dando perfeição a mentira de tal forma para que ela se assemelhe a alguma verdade nos corações turistas”. 

Isto quando o senhor dono do imóvel tem o mínimo apreço pela Flor do Lácio. 

Quando não, vai de qualquer jeito ao espaço para que dele se deleitem petralhas, esquerdopatas, tucanalhas, dentre outros. 

Há ainda os que vendem a mentira com a polidez da imparcialidade. Desonestos intelectuais; desonestos com seus leitores. Ora, que tenham coragem da exposição pública, de colocar a ideia a ser combatida. Que venham para o bom combate. Mas, a estes qualquer mínima fagulha de luz incomoda. A obscuridade é o padrão para que possam vender o peixe podre como se manjar dos deuses fosse. Dos deuses deles, dos deuses que levantam o cálice e dizem: “toma e bebe, este é o cargo comissionado que derramo, para que outros sangrem. O elo de nossa suja e invisível aliança”.

Assim, o jornalista vira disfarce e esquece a essência do que deveria significar esta palavra. Porém, são os disfarçados que evocam para si a coragem de lutar pelo BEM supremo e de falar de IMPARCIALIDADE quando são atingidos pela verdade. Esta danadinha que teima em aparecer para confirmar - de uma hora para outra - quando menos se espera, que o tempo é o senhor da razão. Para espanto, o senhor da razão não é o senhor deles. 

Comecei este texto citando Padre Vieira, não é? Eu não esqueci. Indaguei - de forma retórica - o que Padre Vieira teria a ensinar para a imprensa tantos séculos depois, não é mesmo? Pois bem, ele ensina sem querer; pois revela a alma (não no sentido cristão, mas no sentido da subjetividade) por trás dos disfarces. 

Assim, ensina a separar jornalistas e jornalistas. Acreditem, quando o mar se abre com o bater do cajado da verdade no chão, o que separará as bandas não serão diplomas e cursos, mas leituras e caráter.

O que diz Vieira? Encontra-se no Sermão do Bom Ladrão. Assim fala o padre: “Seronato está sempre ocupado com duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só”. Não são poucos os Seronatos com canetas e bloquinhos. Não são poucos, os Seronatos esquerdopatas, direitopatas, tucanalhas e petralhas, ou até mesmo a espera do “ismo” que pague mais. 

Quem são eles, Padre Antônio Vieira? Se vivo fosse, tenho certeza que o religioso responderia assim: “são escravos do aluguel que eles mesmos atribuem à pena. São os grandes moralistas para a vida pública, para venderem aos seus senhores o papel de críticos severos dos deslizes alheios. Lá vão eles passando a sacolinha; Lá vão eles sussurrando: ‘é para criar bandidos ou santos? bandidos ou santos? quem dá mais’; Lá vão eles palestrar em universidades; Lá vão eles em defesa de uma única causa: roubar sozinhos ainda que necessitem do bando para a camuflagem. 

Grandes jornalistas, grandes, grandes homens. Grandes, não se comparam aos pequenos. São grandes, são geniais. Tão grandes que são sapatos para qualquer pé; chutam em qualquer direção. Basta que o time pague bem e que do outro lado não tenha goleiro. 

PS: este texto tem por base uma reflexão feita pelo blogueiro Reinaldo Azevedo sobre o papel do jornalista.